MENSAGEM

"As raízes do estudo são amargas, mas seus frutos são doces." (Aristóteles)

ROMANCE OU NARRATIVA DE AVENTURA




           As narrativas de aventura apresentam as ações extraordinárias de personagens fictícias diante de grandes perigos. Essas ações nem sempre são possíveis no mundo real, porém representam o desejo dos homens de superar seus limites. O modo de o homem enfrentar os perigos que surgem diante de si transforma-se com a passagem do tempo e com as novas descobertas. Os romances de aventura registram essas mudanças.
         Embora o objetivo principal dessas histórias seja apresentar ações extraordinárias de personagens fictícias, nelas ficam registradas as visões de uma sociedade ou época sobre um lugar, um povo, seus costumes, etc. 

 O gênero Romance de aventura
              Esse gênero tem como tema predominante a ação de uma personagem que busca, valendo-se da coragem e da persistência, superar obstáculos e vencer desafios. O protagonista assume o papel de herói, o que garante dinamismo à história. Ele enfrenta adversidades e antagonistas que se apresentam sob os mais variados papeis sociais. Há uma situação de risco a ser vencida e uma sequência de ações que resulta numa narrativa ágil, cheia de imprevistos.



         No texto  “Robinson Crusoé” - O romance narra a história de um sobrevivente de um naufrágio que vive por 28 anos em uma ilha deserta. Nesse texto, Sexta-Feira passou a conviver com o modo de vida de Robinson Crusoé e adquiriu costumes muito diferentes dos que ele tinha.
             O fragmento selecionado relata um dos segmentos de tensão do romance, quando canibais aportam na ilha trazendo um prisioneiro. Trata-se de um momento de complicação que rompe com a situação anterior, em que Crusoé e o indígena Sexta-Feira, em harmonia, buscam sobreviver na ilha.
            O trecho que você vai ler narra uma batalha que Crusoé e Sexta-Feira, juntos, travam contra os indígenas inimigos do povo de Sexta-Feira. Nesse episódio, acabam libertando alguém muito importante...


                     Robinson Crusoé

       Celebrei o vigésimo sétimo aniversário da minha vida na ilha de modo especial. Tinha muito a agradecer a Deus, agora mais do que antes, já que  os três últimos anos foram particularmente agradáveis ao lado de Sexta-Feira. Tinha também o estranho pressentimento de que este seria o último aniversário comemorado na ilha.
       O barco estava guardado, em lugar seco e protegido, esperando a época das chuvas terminar para empreender a viagem até o continente. Enquanto aguardava tempo bom para lançar-me ao mar, eu preparava todos os detalhes necessários ao sucesso da jornada: armazenar milho, fazer pão, secar carne ao sol, confeccionar moringas de barro para transportar água... Sexta-Feira andava pela praia, à procura de tartarugas. Voltou correndo, apavorado.
        — Patrão, patrão! Três canoas estão chegando com muitos inimigos! Já estão muito perto...
Também me assustei. Não contava com o inesperado: os selvagens não vinham à ilha no tempo das chuvas. Espiei-os do alto da  paliçada com os binóculos. Desembarcavam muito próximos do meu        ―castelo‖, logo depois do ribeirão. O perigo nunca fora tão iminente...
       — Não são gente do seu povo, Sexta-Feira?
       — Não, patrão. São inimigos. Eu vi direitinho...
       — Assim de tão longe? Como é que você sabe?
       — Eu sei. São todos inimigos. Talvez, o objetivo de todos eles seja me pegar!
Acalmei-o. Claro que não tinham vindo até  a ilha por causa dele! Já se passara muitos anos... Mas, de qualquer forma, o perigo era grande. Estavam tão próximos que poderiam descobrir-nos facilmente. Se quiséssemos ter alguma chance de sobrevivência, precisávamos atacá-los primeiro, quando não esperassem. Era fundamental fazer da surpresa nosso terceiro guerreiro!
       — Você pode lutar? — perguntei ao meu companheiro.
       — Sexta-Feira pode guerrear sim, patrão! Basta dizer o que devo fazer...
       Carreguei duas espingardas e quatro mosquetes  com chumbo grosso para dar a impressão de muitas balas. E preparei ainda duas pistolas. Reparti as armas de fogo com Sexta-Feira e rumamos para o acampamento dos antropófagos.
       Eu levava também a espada, presa à cintura, e meu companheiro, seu inseparável machado. Protegidos pelas árvores, chegamos a menos de quarenta metros do inimigo. Na hora, não pude contá-los todos. Posteriormente, somando os mortos e os fugitivos, descobri que eram vinte e um. As chamas da fogueira já ardiam, como línguas vorazes à espera da gordura humana, que pingava de membros e partes cortadas para alimentar sua gula.
       Eu relutava em atacá-los. Estava mesmo disposto a aguardar o máximo possível, escondido no meio do bosque. E, se descobrisse que iriam embora sem andar muito pela ilha, deixá-los-ia voltar sem importuná-los.
       O grupo todo encontrava-se ocupado em soltar as cordas que prendiam mãos e pés de um prisioneiro. Por fim, desmancharam a roda que ocultava o condenado à morte e o arrastaram para perto do fogo. Meu Deus, o prisioneiro era um homem branco! Não, não iria aguardar os acontecimentos.  Um homem cristão como eu estava prestes a ser devorado por selvagens antropófagos... Na minha ilha. Eu não podia deixar aquela bestialidade prosseguir!
       Fiz sinal a Sexta-Feira. Estava pronto? Então que atirasse com a espingarda, que seguisse meu exemplo...
— Agora, Sexta-Feira! — berrei.
      Os dois tiros ecoaram simultaneamente. Por um instante, o mundo parou. Horrorizados, os selvagens viram vários dos seus guerreiros caírem sem vida. Não conseguiam compreender de onde vinha a morte. As espingardas, carregadas com chumbo grosso, provocaram um enorme estrago entre os inimigos: cinco caíram mortos, três outros feridos. [...]
     O mundo então pareceu vir abaixo: a praia virou um enorme pandemônio. Tínhamos sido descobertos, mas ainda assim os selvagens não se atreviam a atacar-nos. Gritos de guerra e raiva misturavam-se aos de dor dos feridos.
        Corri ao encontro do inimigo, Sexta-Feira seguiu atrás de mim. No meio do caminho, já na areia da praia, paramos para garantir a pontaria do tiro do último mosquete carregado. Mais alguns mortos e feridos caíram ao chão. Os que ainda se mantinham em pé não sabiam se corriam ou se lutavam. Fomos ao seu encontro.
         Ao passar pelo homem branco, entreguei-lhe minha pistola: podia precisar dela para defender-se. A luta prosseguia, agora num combate corpo a corpo. Matei mais dois, três, quatro  — não posso precisar quantos — com a espada. [...] Ainda assim, três inimigos conseguiram saltar dentro de um dos barcos e fugiram para o mar. Dois pareciam ilesos; o outro sangrava, estava gravemente ferido. [...]
    Corremos para a outra canoa, encalhada na areia da praia. Antes de fazê-la navegar, descobrimos, deitado no seu fundo, mais um prisioneiro amarrado. De repente, a máscara de guerra, em que se transformara o rosto de Sexta-Feira, tornou-se doce e suave ao avistar o velho homem, imóvel no chão do barco.
       Sexta-Feira tratou-o com muito cuidado, dedicação e carinho. Soltou o velho, sentou-o, abraçou-o, apoiou sua cabeça contra seu forte peito, enquanto afagava com mão de criança seus cabelos... Sem o saber, Sexta-Feira acabara de salvar da morte o seu próprio pai.
       Os fugitivos já iam longe no mar. Era inútil persegui-los.
[...]
Daniel Defoe. Robinson Crusoé: a conquista do mundo numa ilha.
Adaptação para o português: Werner Zotz. São Paulo: Scipione, 1990. p. 85-9.

Vocabulário:
Antropófago: ser humano que se alimenta de carne humana.
Bestialidade: comportamento que assemelha o homem à besta (animal); brutalidade, estupidez,
Moringa: vaso de barro bojudo e de gargalo estreito usado para acondicionar e conservar fresca e
Mosquete: arma de fogo similar a uma espingarda.
Paliçada: cerca feita com estacas apontadas e fincadas na terra, que serve de barreira defensiva.
Pandemônio: mistura confusa de pessoas ou coisas; confusão.  
Fonte: http://professorarayna.blogspot.com.br/2012/06/estudo-e-atividade-sobre-o-trecho-do.html. Acesso dia 03 de maio de 2013.



1)    Quantos anos Robinson Crusoé já havia vivido naquela ilha?
a)     ( ) 25 anos.
b)    ( ) 27  anos.
2)    Durante quanto tempo ele viveu sozinho na ilha?
a)     ( ) No texto ele afirma:”[...] já que os quatro últimos anos haviam sido particularmente agradáveis ao lado de Sexta-Feira”. Logo, ele viveu sozinho, 24 anos.
b)    ( ) No texto ele afirma:”[...] já que os três últimos anos haviam sido particularmente agradáveis ao lado de Sexta-Feira”. Logo, ele viveu sozinho, 24 anos.

 3. Como eram as características do mar da região da ilha?
 a) ( ) O mar devia ser bem agitado. Pois Crusoé estava aguardando a melhor época para sair da ilha.
b) ( ) O mar não era agitado. Pois Crusoé estava aguardando a melhor época para sair da ilha.

4. Como era o clima da ilha?
a) ( ) Havia  uma “época de ventos fortes”, ou seja, um clima tropical.
b) ( ) Havia  uma “época de chuvas”, ou seja, um clima tropical.

5.  Como Robinson Crusoé se alimenta?
a) ( ) Crusoé armazenava trigo e fazia bolo; logo, cultivava espécies  vegetais comestíveis; secava carne de aves e peixes ao sol para conservação.
b) ( )  Crusoé armazenava milho e fazia pão; logo, cultivava espécies  vegetais comestíveis; secava carne de aves e peixes ao sol para conservação; além disso, Sexta-Feira andava pela praia em busca de tartarugas marinhas, para servirem de alimento.

6. Qual o Instrumento que Robinson Crusoé precisou fabricar para obter alimentos e armazená-los:
a) ( ) Moringas de madeira.
b) ( ) Moringas de barro.

7. Qual o motivo que os selvagens habitualmente iam à ilha?
a) ( ) Para realizar rituais dos soldados.
b) ( ) Para realizar rituais de  canibalismo.

8. No texto há outro fato que justifica a ação violenta de Crusoé sobre os selvagens. Qual é esse fato?
a) ( ) Ele viu um dos prisioneiros que seria devorado, branco e cristão como ele.
b) ( ) Ele viu um dos pistoleiros que seria devorado, branco e cristão como ele.

9.  Quem são as personagens da narrativa de aventura que você leu?
a) ( ) ) Robinson Crusoé,  Sexta-Feira, os selvagens, o homem branco liberto e o pai de Sexta-Feira.
b) ( ) Robinson Crusoé,  Sexta-Feira, os soldados, o fazendeiro branco liberto e o pai de Terça-Feira.

10. Quem lidera as ações principais da narrativa?
a) ( ) Sexta-Feira.
b) ( ) Robinson Crusoé.

11. Quem auxilia o líder a alcançar esses objetivos?
a) ( ) Robinson Crusoé.
b) ( ) Sexta-Feira.

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