MENSAGEM

"As raízes do estudo são amargas, mas seus frutos são doces." (Aristóteles)

CONTO DE ENIGMA




        Em geral, os contos de enigma "apresentam" ao leitor algumas informações iniciais relacionadas ao tempo e ao espaço da narrativa.

        As narrativas de enigma se caracterizam, entre outros elementos, por apresentar um crime ou um mistério a ser desvendado. Por esse motivo, essas histórias, geralmente, apresentam a figura de um detetive ou de alguém que desempenha o papel de esclarecer o enigma, tornando-se um herói após desmembrar todo o "problema".

        Alguns elementos do gênero:
* Há sempre um mistério a ser desvendado.
* A investigação do enigma corresponde ao foco principal da história.
* Caso o mistério corresponda a um crime, no início da narrativa são apresentados alguns indícios deixados pelo culpado.
* Conforme surgem pistas sobre o crime, possíveis culpados e novos suspeitos ganham destaque na narrativa.
* Os enigmas são desvendados por meio de raciocínio lógico.
* O suspense, o medo e o desejo de saber são ingredientes importantes na trama.
* Os contos de enigma estabelecem um jogo entre o leitor e a narrativa.
* Por meio do texto, o leitor assume uma postura investigativa.
http://tecnicaderedacao.blogspot.com.br/2010/04/contos-de-enigma-o-que-e.htmlData do acesso: 03 de maio de 2013.


O MISTÉRIO DO SOBRINHO PERFUMADO

Este caso, que Zezinho Sherlock também esclareceu com a maior facilidade, começou num sábado à tarde. Mas o nosso herói só soube dele no domingo, quando foi visitar o tio, o delegado Orlando Quental, chefe do Departamento Especial da Polícia. (...)
- O que foi que aconteceu, desta vez?
- Enforcaram uma velha agiota, em Bonsucesso. Temos um suspeito, mas não podemos provar nada contra ele. Esse suspeito, que está detido na vigésima primeira delegacia, é um sobrinho da vítima. Também temos uma testemunha que o acusa de ter assassinado a velha, para roubar o dinheiro do cofre.
- Ah! Essa testemunha viu alguma coisa?
- Aí é que está. Não vou, mas sentiu. A testemunha é um cego.
- Puxa! O caso é interessante, titio. Como é que um cego pode ser testemunha de vista?
- Eu não disse que ele é testemunha de vista. Mas suas declarações comprometem o rapaz. E o cego não teria interesse em acusar o suspeito se não estivesse certo do que diz. O diabo é que o rapaz acabou confessando que esteve no local do crime, mas nega ter enforcado a tia.
- Ele é o único herdeiro?
- Parece que sim.  A velha não tem outros parentes mais chegados. Morava sozinha e vivia de rendimentos e de emprestar dinheiro a juros.
- Comece pelo princípio, titio – pediu Zezinho, cruzando as pernas e ajeitando um cacho de cabelos negros que teimava em cair sobre os seus óculos.
- O caso é o seguinte: ontem à tarde, alguém ligou para a delegacia de Bonsucesso e comunicou que havia uma mulher morta, num pardieiro de um beco, na Avenida dos Democráticos. Uma patrulhinha, que estava nas proximidades, correu ao local e ali encontrou o corpo da Sra. Matilde Rezende. A polícia já a conhecia de nome e sabia que ela era agiota e avarenta, mas nunca a incomodou. É difícil provar que os agiotas estão agindo fora da lei. O corpo estava caído na sala da frente, que fazia as vezes de escritório. Alguém tinha entrado na casa, sempre fechada a sete chaves, e estrangulado a velha com uma corta de náilon. O cofre da sala estava aberto e vazio. Ora, a empregada jurou que a patroa tinha muito dinheiro naquele cofre.
- Ah! Então, temos uma empregada, hein?
- Sim. É uma outra velha, ausente na hora do crime. Tinha ido fazer comprar e só voltou quando a polícia já estava na casa. Ela disse que não sabia quem tinha ido visitar a patroa, mas afirmou que o sobrinho dela é um marginal, desempregado crônico, e andava de olho no dinheiro da tia...
- Nem todo desempregado é marginal, titio. Assim como nem   pistoleiro é bandido, pois a polícia também usa pistola... Roubaram tudo do cofre? Se a vítima emprestava dinheiro a juros, devia haver alguma promissória, ou vale, ou essas coisas que eu não conheço direito...
- Havia outros papéis, na sala, mas jogados no chão. O assassino deve ter obrigado a velha a abrir o cofre, para roubar o dinheiro. Só deixou os documentos.
- E onde é que entra o cego? – perguntou Zezinho, deleitado com a história. – O cego é um marginal, um camelô sem licença, que estava na entrada do beco. Alguns vizinhos o viram ali, com um cachorro e um tabuleiro, desde manhã cedo.
- Nem todo camelô é marginal – repetiu Zezinho Sherlock. – A polícia tem o costume de dizer que o que não é direito está torto, mas há um exagero nisso... E o que foi que esse cego viu? Ou melhor: o que foi que ele pressentiu?
O dr. Quental apanhou um papel datilografado em cima da escrivaninha e consultou-o.
- Tenho aqui o depoimento do cego – disse, depois, mostrando o papel. – Ele estava vendendo bijuterias, na entrada do beco, acompanhado pelo cachorro. Quando os patrulheiros chegaram tentou fugir, com o tabuleiro na cabeça, mas um soldado o apanhou logo adiante. Ele pensava que fosse o “rapa”... Depois que o corpo da velha foi encontrado, o testemunho do cego tornou-se muito valioso.
- Por quê?
- Porque ele identificou o sobrinho da vítima, pelo perfume. Ouça o que ele diz – e o delegado passou a ler um trecho do papel datilografado. – “ A certa altura, ouvi uns passos pesados e um homem, usando um perfume de alfazema, passou por mim e entrou no beco. E sei que era um homem porque seus passos eram pesados , e ele pigarreou. Um minuto depois, senti uma outra vez o mesmo perfume e o homem passou por mim, andando muito depressa, descabelado, quase correndo, como se estivesse fugindo de alguma coisa. Aprendi a conhecer as pessoas pelos passos e pelo cheiro... Direitinho como o meu cachorro”.
Exatamente. O rapaz tem vinte e cinco anos e não exerce nenhuma profissão. Já trabalhou como balconista de uma loja de ferragens, mas foi despedido há três anos. Quando foi detido, negou ter estado na casa da tia, mas o seu perfume o denunciou. Ele usa uma loção de lavanda inglesa.
- Certo – murmurou Zezinho. – Alfazema e lavanda inglesa é a mesma coisa... E depois o rapaz acabou confessando que esteve no pardieiro?
- Pois é. Acabou confessando. Mas disse que encontrou a porta aberta e a tia morta, na sala, com uma corda no pescoço. Então saiu correndo e telefonou para a polícia, mas não se identificou. O que é que você acha disso?
- Tudo me parece claro, titio – disse Zezinho Sherlock. – O sobrinho perfumado pode estar dizendo a verdade, pois o cego é um grande mentiroso!  [...]
Por que Zezinho chegou a essa conclusão?
Se você ainda não descobriu a mentira do camelô, leia o final da história na p. 237, _`[{do livro em tinta_`] no final do livro*.

(Helio de Soveral. Zezinho Sherlock em dez mistérios para resolver.  Rio de Janeiro, Ediouro, 1986. P. 30-35)


O DETALHE SEMPRE ESQUECIDO

"A velha tese de que todo criminoso, por mais esperto, sempre deixa uma pista, mesmo nos crimes meticulosamente planejados, está perfeitamente ilustrada neste caso", observou o Professor Streva, a um grupo de amigos.
"Eu me encontrava em Colshire, um agradável vilarejo inglês, quando a polícia local pediu minha colaboração num caso de difícil solução.
"Um homem fora brutalmente assassinado. As suspeitas recaíram num sujeito de baixo nível social e cultural, semi-analfabeto, acusado de ter enviado o seguinte bilhete encontrado na mesa do morto:
 "Dotôr Jones. Cuando lhe    _
l  vi o senhor da ultima veis,   _
l  eu disse que era para         _
l  valher: eu ia matar o senhor  _
l  si a grana não estivesse      _
l  aquí sigunda fêra; cen        _
l  fartar nen um tustão."         _
l                                _
l Um abrasso, _
"Quando Simpson, o chefe de polícia, pediu minha opinião, fiz-lhe ver que o autor do bilhete -- e portanto o provável autor do crime -- não poderia ser um homem de baixo nível cultural e, muito menos, semi-analfabeto. Depois de ouvir minhas conclusões, ele concordou comigo. As investigações tomaram outro rumo, o assassino foi capturado e, conforme eu suspeitara, tinha bons conhecimentos gerais, inclusive linguísticos."
"Tudo bem, Professor", interveio um dos participantes da roda, "mas não é isso que dá a entender a carta que foi escrita." *O que levou o professor à conclusão de que o autor da carta não era inculto*?



l            *Solução*          _
l                                _
l    O bilhete, cheio de erros  _
l  de grafia e redigido com      _
l  péssima letra, era correto    _
(In: *95 casos policiais*.
l em todos os detalhes de pon- _ l tuação, como o uso do ponto, _ l dois-pontos e ponto-e-vír- _ l gula. Uma pessoa iletrada _ l não teria condição de aten- _ l der com acerto a esses de- _ l talhes de ordem gramatical. _ l A força do hábito de se ex- _ l pressar com correção fez o _ l criminoso esquecer o detalhe _ l que o traiu. _ h::::::::::::::::::::::::::::::::j Ediouro, 1985.)
Disponível em: http://www.ibc.gov.br/media/common/Livros_Adaptados_IBC_PNLD_2004_b_portugues_8serie_Ideias_e_Linguagens_6%C2%AC%20parte.txt. Acesso dia 23/03/15.


5 comentários:

  1. nome=francisco kelvin silva soares
    sala=09
    turno=tarde
    7 serie

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    1. nao deu tenpo de eu ler o conto mas eu vo ler quando eu chegar do colegio pq a senhora boto o conto de enigma muito tarde hj

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  2. quero mais contoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool

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UMA FAMÍLIA (VOCABULÁRIO)

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